Direto de Brasília
Mais de 1.500 brasileiras no exterior registraram violência de gênero ou doméstica em consulados em 2023
Publicado em
26/11/2024 - 20:00por
Da RedaçãoMais de 1.500 brasileiras residentes no exterior pediram apoio das autoridades do Brasil para lidar com casos de violência de gênero ou doméstica em 2023. O país que mais registrou casos de violência contra brasileiras foi a Itália, com 350 casos, seguida dos Estados Unidos, com 240 casos; Reino Unido, com 188; e Portugal, com 127.
Os dados constam no Mapa Nacional da Violência de Gênero elaborado pelo Observatório da Mulher do Senado Federal. A partir de parceria com o Ministério das Relações Exteriores, o mapa passou a contar neste ano com os dados de violência de gênero e doméstica cometida contra mulheres brasileiras em outros países. Ao todo, mais de 2,5 milhões de brasileiras residem no exterior.
Coordenadora do Observatório da Mulher, Maria Teresa Prado observa, porém, que cerca de metade das repartições consulares brasileiras no exterior não registraram casos no ano passado, o que não significa que a violência não aconteça nesses lugares, e sim que não houve registros. Assim, os dados podem estar subestimados.
Os dados foram apresentados em audiência pública da Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher, nesta terça-feira (26).
Violência vicária
Daniela Grelin, do Instituto Natura, que apoia a realização do Mapa Nacional da Violência de Gênero, citou também os dados da chamada violência vicária no exterior, ou seja, a prática de usar os filhos para agredir a mulher. Foram registrados 808 casos de disputa de guarda e 96 casos de subtração de menores no ano passado.
“A violência contra as mulheres é frequentemente agravada pelo isolamento e pelo silenciamento das vítimas, e isso é especialmente debilitante para as brasileiras que vivem no exterior”, disse. “Barreiras como a dependência financeira, o status migratório irregular e o desconhecimento dos sistemas locais dificultam o acesso à justiça e à proteção ”, completou.
“Esses dados são, portanto, um chamado para ampliarmos o alcance das leis aprovadas nesta Casa, assegurando que se traduzam em políticas públicas eficazes para todas as mulheres brasileiras onde quer que estiverem”, acrescentou.
Convenção de Haia
A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) disse que as brasileiras sofrem discriminação nos países estrangeiros ao buscar auxílio das autoridades locais. Muitas vezes são acusadas de sequestrar os próprios filhos, que acabam devolvidos ao companheiro abusador.
“No momento de denunciar a violência que elas sofrem, sem acolhimento e tampouco medidas protetivas em outros países, depois de muito sofrimento, elas optam por fugir”, apontou. “E em vez de encontrarem amparo ao voltar ao Brasil, elas passam a ser consideradas criminosas, enfrentando processos judiciais extremamente violentos, nos quais são revitimizadas e ainda sofrem com busca, apreensão e repatriação dos seus filhos”, acrescentou.
Mara Gabrilli defendeu a aprovação pelo Senado do Projeto de Lei 565/22, já aprovado pela Câmara, para enfrentar essa situação e garantir que haja o retorno imediato da criança quando haja a prática de violência doméstica contra a mãe ou contra a criança. Hoje, de acordo com a senadora, a chamada Convenção de Haia, criada para impedir o sequestro internacional de crianças, vem sendo aplicada de forma a devolver sumariamente as crianças a seus genitores no exterior mesmo em situação de violência.
Nova interpretação
Kaline Santos Ferreira, do Ministério das Mulheres, apoia o projeto de lei e disse que a pasta defende a aplicação da chamada Convenção de Haia de forma protetiva ao menor e de acordo com a Constituição brasileira. Ela também pede apoio da comissão para que a Advocacia-Geral da União dê nova interpretação para a aplicação da convenção. Segundo ela, a aplicação da convenção hoje tem feito com que centenas de mães sejam separadas de seus filhos por companheiros de nacionalidades diferentes por mero processo administrativo.
Ela defende que as mulheres sejam ouvidas e acolhidas. Se a violência doméstica não for comprovada posteriormente, aí sim as crianças seriam devolvidas a seus genitores no exterior.
Ações do Itamaraty
Secretária de Comunidades Brasileiras no Exterior e Assuntos Consulares e Jurídicos do Itamaraty, a embaixadora Márcia Loureiro informou que no ano passado a rede consular brasileira fez 223 repatriações individuais e dá atenção especial àqueles que são mais suscetíveis às violações de direito, incluindo mulheres, menores, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+ e aqueles que sofrem discriminação racial.
Segundo ela, parte do esforço do Itamaraty é capacitar agentes consulares para lidar com o problema de forma humanizada. Boa parte da rede consultar oferece também atendimento psicológico e jurídico em português para essas pessoas.
Além disso, ela acrescentou que a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 é também acessível no exterior. E citou ainda a criação do primeiro espaço da mulher brasileira no exterior na cidade norte-americana de Boston.
A embaixadora observou ainda que a prevenção é uma parte essencial do combate à violência contra a mulher. “Então nós lançamos no início deste ano uma cartilha Prevenções contra Violências contra a Mulher Brasileira no Exterior, elaborada em conjunto com o Ministério das Mulheres”, informou. “E em junho último publicamos a cartilha sobre subtração internacional de crianças, em colaboração do Ministério de Justiça e Segurança Pública e da Revibra Europa”, acrescentou. A Revibra é uma rede europeia de apoio a mulheres migrantes vítimas de violência doméstica e/ou discriminação.
Falta de medidas protetivas
Assistente jurídica da Revibra, Aline Guida observa que na Europa quase nenhuma legislação prevê medida protetiva contra a violência psicológica, a financeira e a administrativa.
Na audiência, a brasileira Judith Moura de Oliveira, que mora na Itália há 43 anos, relata que durante 19 anos sofreu violência, inclusive várias tentativas de assassinato, mas aguentou para que seus filhos não lhe fossem retirados. “A mulher estrangeira tem medo das leis e de não ser bem interpretada”, reiterou. Ela recebeu o título de Cônsul Honorária do Brasil em Trieste, Itália, pelo trabalho que hoje faz junto a outras brasileiras vítimas de violência no exterior.
Reportagem – Lara Haje
Edição – Geórgia Moraes
Fonte: Câmara dos Deputados
Idoso de 74 anos sofre mal súbito e demora do Rabecão revolta familiares em Cuiabá
PF cumpre mandado de prisão de foragido na BA
Fluminense arranca empate suado com Athletico-PR e segue ameaçado pelo rebaixamento
Bragantino e Cruzeiro empatam e seguem com objetivos distantes no Brasileirão
Seleção Brasileira fecha 2024 com vitória sobre a Austrália
Grêmio vence São Paulo e respira na luta contra o rebaixamento
Flamengo vence Internacional em jogo eletrizante no Maracanã
Corpo de Bombeiros realiza concerto musical beneficente nesta terça-feira (03)
Sesp encerra o ano com mais de 1,1 mil crianças e adolescentes atendidos no programa Rede Cidadã
Operações prendem 15 condutores embriagados na madrugada deste domingo (01) em Cuiabá
Homem é preso pela Polícia Militar com pistola irregular em Cotriguaçu
Policial
Polícia Civil encerra Operação Hagnos com 793 atendimentos a crianças e adolescentes vítimas de violência
A Polícia Civil de Mato Grosso encerrou na sexta-feira (29.11) a Operação Hagnos, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança...
Polícia Civil prende autor de duplo homicídio ocorrido neste ano em Campo Verde
Policiais civis de Mato Grosso prenderam, na tarde deste sábado (30.11), em Alto Araguaia, cidade do sul do Estado, o...
Polícia Civil prende dupla com mais de 840 pinos de cocaína e quatro quilos de maconha e pasta base
Policiais da Delegacia de Tapurah apreenderam nesta sexta-feira (29.11) mais de 840 porções de entorpecentes. Na ação, a equipe prendeu...
Política
Faissal pede instalação de CPI para investigar atuação da Energisa em MT
O deputado estadual Faissal Calil (Cidadania) protocolou, nesta quarta-feira (16), um pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito...
Único a apoiar Abílio, Faissal sai vitorioso em dose dupla em Cuiabá
O deputado estadual Faissal Calil (Cidadania) foi um dos nomes que saiu com mais força após as eleições municipais de...
Enfermeiro Emerson pode ser o candidato mais votado para vereador de Várzea Grande, pontuando fora de sua região
O vereador Emerson, já conhecido na política de Várzea Grande, está concorrendo à reeleição e se posiciona como um dos...
Mato Grosso
Corpo de Bombeiros realiza concerto musical beneficente nesta terça-feira (03)
O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) realiza, na próxima terça-feira (03.12), um concerto musical beneficente que promete...
Sesp encerra o ano com mais de 1,1 mil crianças e adolescentes atendidos no programa Rede Cidadã
O Programa Rede Cidadã, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), atendeu 1.116 crianças e adolescentes em 2024. O...
Operações prendem 15 condutores embriagados na madrugada deste domingo (01) em Cuiabá
Em duas operações Lei Seca, realizadas de forma simultânea na madrugada deste domingo (01.12), em Cuiabá, 15 condutores foram presos...